Evolução tecnológica da atividade leiteira no Brasil: uma visão a partir do Sistema de Produção da Embrapa Gado de Leite.

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

imagem

Autoria: ROCHA, D. T. da; RESENDE, J. C. de; MARTINS, P. do C.

Resumo: Resumo A cadeia produtiva do leite é uma das atividades mais importantes para o agronegócio brasileiro, especialmente na geração de emprego e renda. Apesar de sua importância, esta atividade apresentou desenvolvimento tecnológico mais acentuado somente a partir da década de 1990, com o fim do tabelamento dos preços do leite. Até então, a produção nacional era oriunda de fazendas com modelos extensivos de exploração, nas quais a baixa produtividade dos fatores, principalmente da terra e da mão de obra, constituía sua principal característica. A partir da liberação de preços, a atividade se modernizou e a oferta nacional de leite cresceu substancialmente, consolidando o Brasil como um dos quatro maiores produtores de lácteos do mundo. O presente estudo teve por objetivo analisar a atividade leiteira no Brasil e o processo de incorporação tecnológica nas últimas quatro décadas tendo como base um sistema de produção de leite instalado na Embrapa Gado de Leite em Coronel Pacheco (MG). Esse sistema apresenta como características básicas, um rebanho de composição genética mestiça entre Holandês e Zebu, criado predominantemente a pasto, com escala de produção e modelo de exploração de média tecnologia, que representa grande parcela das fazendas produtoras de leite do Brasil. Os fatores produtivos analisados foram capital, terra, mão de obra e animal. A presente análise mostrou que, desde a implantação do sistema em 1977 até o ano de 2016, a incorporação contínua de novas tecnologias desenvolvidas e/ou validadas pela pesquisa agropecuária refletiu em maior eficiência no uso de todos os fatores de produção. Nesse período, a produtividade da mão de obra teve um aumento de 329%, passando de 24.455 para 104.982 litros de leite por funcionário por ano. O resultado mais expressivo ficou por conta da produtividade da terra que cresceu 470%, saindo de 1.188 em 1977 para 6.779 litros de leite/ha em 2016, associado ao incremento da taxa de lotação das pastagens, que subiu de 0,63 U.A/ha para 2,07 U.A/ano. Por outro lado, as produtividades que menos cresceram foram a animal e do capital que apresentaram evolução de 47,9% e 82,2%, respectivamente. Já a produção de leite do sistema aumentou 352%, alcançando a média diária de 1.430 litros em 2016. O estudo evidenciou que os incrementos de produtividade mais relevantes aconteceram para os fatores cujos preços reais de mercado mais cresceram no período, quais sejam, terra e mão de obra. Interessante notar que mesmo diante de uma curva descendente de preços pagos ao produtor, a produção nacional de leite continuou crescendo, indicando que o avanço tecnológico foi capaz de reduzir os custos de produção mantendo ou até mesmo melhorando as margens e a rentabilidade da atividade. Isso foi possível devido, principalmente, ao aumento considerável da produtividade dos fatores de produção. Nesse cenário, destaca-se o importante papel da Embrapa Gado de Leite e dos demais parceiros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e da área de assistência técnica e extensão rural, que contribuíram para, comprovando o sucesso desta Unidade no cumprimento da missão que moveu sua criação em 1976, de facilitar o acesso da população brasileira a leite e derivados de melhor qualidade a preços.

Ano de publicação: 2018

Tipo de publicação: Livros